É sábado dia 31 de outubro, dia de feira livre em Fagundes; não, não estou falando de hoje, por maior que seja a coincidência, estou falando de 31 de outubro de 1874, ano que ocorreu aqui em Fagundes o início do movimento que ficou conhecido como “Quebra-Quilos”, deveria se uma data tão ou mais importante que nossa emancipação política, Quebra Quilos é nossa identidade maior, é nossa marca histórica, é junto com a pedra de Santo Antônio nossa referência para além das nossas fronteiras.
O Quebra-Quilos ou Revolta dos Matutos nasceu aqui e se alastrou pelos estados do Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Alagoas, no período compreendido entre outubro e dezembro de 1874. O motivo principal para o desencadeamento esse movimento foi à adesão pelo Governo Imperial ao Sistema Métrico Francês em 1862. Acontece que em todo o país permanecia em uso os sistemas tradicionais de medidas, tais como léguas, cuia, quarta, onça. Em 1874 a tentativa de adotar os padrões do sistema métrico provocara uma revolta popular violenta na Paraíba. Para as autoridades da época, o movimento teria sido insuflado pelo clero, em briga com o governo. Então descendo a serra do Bodopitá, os insurretos invadiram a Vila de Fagundes num dia de feira, quebraram as "medidas" (caixas de madeira de um e cinco litros de capacidade), fornecidas pelo poder público municipal e usadas pelos feirantes, e atiraram os pesos dentro do Açude Velho.
Os cobradores de impostos eram a representação do Poder Público nas feiras livres, tendo a população e feirantes revoltosos com as altas taxas de impostos, o serviço obrigatório para o Exército e a insatisfação gerada pelo Decreto Imperial, onde como ocorrera em outros movimentos populares o Brasil, tanta no período Imperial como no início da República, onde as decisões governamentais eram tomadas à revelia da população, especificamente, as camadas populares, que possuíam e ainda possuem os protestos e manifestações públicas como instrumento de mostrarem suas insatisfações e indignações.
O governo imperialista brasileiro reagiu com grande brutalidade contra os revoltosos, chegou a deslocar canhões para a tropa de linha chefiada pelo capitão Longuinho, saqueando engenhos e fazendas, prendeu e espancou à vontade. O capitão Longuinho tinha uma particularidade, ele utilizava contra os suspeitos do movimento um instrumento de tortura denominado colete de couro, que era molhado e costurado no tórax do pobre individuo, que quando estava seco, apertava e matava a vítima por asfixia ou expectoração sanguínea.
A revolta dos “Quebra-Quilos” durou ainda uns poucos meses, mas precisamente de outubro a dezembro de 1874 quando foi sufocada pelas forças policiais. O sangue do nosso povo guerreiro ainda corre em nossas veias, somos fortes, resistentes e resilientes. Que as lutas e conquistas dos nossos ancestrais sejam preservadas, admiradas e acima de tudo respeita e sempre lembrada. Viva o Quebra Quilos, viva um povo que não se cala e não se acomoda.
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