Ensaiei palavras curtas que não me chegaram ao sentimento. Palavras de embalar sonhos e sonos. Para isso, escutei canções, cantei canções, ouvi. Achava de encontrar alguma coisa, qualquer coisa, e antes me achegou, ao pé do ouvido, uma voz de mulher a dizer nada. Era muda. Eu danço de olhos fechados, eu sei dançar com os olhos, eu danço com os dedos e o meu vestido é bordado de estrelas e meu codinome escapa-me. Eu-sonoro, eu-sozinha, eu-. Dobro o meu corpo, contorciono eu-planeta, eu-acrobata, eu-, que não sei me equilibrar, e constato a dificuldade em conquistar o equilíbrio em duas pernas firmes no chão. Não falo de corpo, na terceira dimensão tudo diverge, em tudo resiste a dualidade, que pena. Faz parte. Quantos corpos juntos formam uma quadrilha, quantos corpos juntos dançam uma quadrilha? Atenção. Meninos e meninas. Tudo dual, tudo duplicado. O pé levanta a poeira, quiçá, rala um pouco do couro no chão, não dói a fricção, o rápido encontro da carne – movimento – e do chão – repouso –. Não dói porque há música, porque há dança, porque há canto. Entoam sonhos de criança, fuga ao lago, corridas desenfreadas, esconderijos, músicas suspensas no quarto da memória, brigas em escapatória, risadas em uníssono. Não suspendam a lembrança! Deixem que o ritmo se estenda e esteja. Quisera suspender tristezas, mas faz parte chorar pelas corridas, pelos cantos, pelas beiradas, pois temem tanto a visão do óbvio. Embala sentimentos e o pertencimento se faz na morada, no lugar-seguro, no peito de quem. As minhas palavras saem poucas no azul celeste, o horizonte em ritmo de partida – sempre. Estou sempre indo, sempre a ir. Num jogo de um corpo só, sendo em si e de si o próprio ritmo, que nunca cessa, que está sempre a ir-se juntando retalhados e costurando-os, colorindo o sonhar do sono, a memória partida, o equilíbrio de ser gente.
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Sol e ChuvaMín. 21° Máx. 30°
Sol, pancadas de chuva e trovoadas.